De Marta Temido a Nuno Markl: as figuras da pandemia em cinco retratos
Cinco anos depois, voltámos às videochamadas para registar o que cinco personalidades aprenderam com a pandemia e o que fariam diferente. A covid-19 está no passado, mas ainda ninguém a esqueceu.
“O Ministério da Saúde informa que faleceu hoje, no Hospital de Santa Maria, um doente que estava internado e que tinha a doença covid-19.” A 16 de Março de 2020, a então ministra da Saúde, Marta Temido, confirmava que um homem de 80 anos, ex-massagista do Estrela da Amadora, era a primeira vítima mortal do coronavírus no país, durante uma das inúmeras conferências de imprensa que haveria de dar ao lado da directora-geral da Saúde Graça Freitas.
Passaram-se cinco anos, cerca de 5,7 milhões de infecções e mais de 29 mil mortes contabilizadas em Portugal. Naquele período, além de Marta Temido e Graça Freitas, os especialistas Raquel Duarte e Manuel Carmo Gomes impuseram-se como figuras incontornáveis na procura de entendimento sobre o SARS-CoV-2. Mas o que têm estes nomes em comum com Nuno Markl? Estiveram todos diariamente em diversas plataformas de comunicação que, apesar dos consecutivos confinamentos, permitiram que o país continuasse a funcionar.
Marta Temido
Foi escolhida por António Costa para liderar a pasta da Saúde em 2018, mas a verdadeira prova de fogo viria só no segundo de três mandatos como ministra da Saúde: a pandemia de covid-19. Marta Temido conquistou notoriedade nos dois anos de pandemia, mas acabaria por se demitir já no Verão de 2022. Esteve ao lado de Graça Freitas em conferências de imprensa diárias. Emocionou-se a falar do trabalho dos profissionais de saúde, mas foi também criticada por declarações controversas que incendiaram representantes de médicos e enfermeiros.
Graça Freitas
Graça Freitas foi directora-geral da Saúde durante a desgastante maratona da pandemia de covid-19. Assumiu a pasta em 2017, sucedendo a Francisco George, e antes de enfrentar os vários picos de infecções e de óbitos provocados pelo SARS-CoV-2, tinha lidado com dois surtos de Legionella, um surto de sarampo, períodos de excesso de mortalidade por causa do frio e da gripe e de ondas de calor. Em Dezembro de 2022 anunciou a saída da DGS, aos 65 anos, para se aposentar. Hoje, assume que nenhuma crise de saúde pública se resolve sem “a participação activa dos cidadãos”.
Raquel Duarte
Liderou a equipa de peritos que aconselhou o Governo quanto à pandemia, e foi, porventura, o principal rosto do aconselhamento científico dado à tutela. Raquel Duarte, pneumologista, ajudou os decisores políticos a traçar os planos e as estratégias de desconfinamento do país. Vimo-la nas longas reuniões de especialistas com o Governo, no Infarmed, onde se discutia a situação epidemiológica do país. Antes de ser chamada a esta função tinha já sido secretária de Estado da Saúde, cargo que exerceu entre 2018 e 2019.
Manuel Carmo Gomes
O epidemiologista e professor Manuel Carmo Gomes também integrou a equipa de peritos ouvidos pelo Governo no Infarmed, mas daria por terminada a sua participação nessas reuniões em Fevereiro de 2021. Apesar disso, continuou a ser uma das vozes mais ouvidas quanto à evolução da pandemia. Integrou ainda a Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, à qual cabia a emissão de pareceres técnicos sobre as estratégias de vacinação, sobre as diferentes vacinas, a recomendação de prioridades, entre outras coisas.
Nuno Markl
Neste grupo de cinco, Nuno Markl é a presença mais inusitada. Porém, tal como as principais figuras da saúde, ajudou milhares de portugueses a lidarem melhor com o peso da pandemia durante os períodos mais intensos dos confinamentos. O radialista apresentava-se, diariamente, com Bruno Nogueira, criador do programa Como É Que o Bicho Mexe, em directos no Instagram. Naquele que foi o derradeiro adeus, Markl seguiu ao volante pelas ruas de Lisboa, enquanto guiava Nogueira à cata de luzes e árvores de Natal nas janelas colocados pelos fãs da rubrica.
A OMS declarou a covid-19 como pandemia em 11 de Março de 2020 e, no dia seguinte, o Governo português determinou o fecho das escolas. Palavras como ensino à distância entraram no glossário dos portugueses, e outras, como telescola, foram repescadas. Com o país em confinamento, as ruas ficaram vazias e ninguém sabia ao certo o que esperar nem as proporções que a pandemia viria a atingir.
As contas da OMS apontam que mais de 7,7 milhões de pessoas morreram com covid-19 e mais de 777 milhões foram infectadas. Em Portugal, foram milhares as que ficaram isoladas nas suas casas durante semanas a fio, e os encontros por videochamada, como tentámos reproduzir neste artigo, ajudavam a vencer o isolamento. Até ao momento, foram vacinadas contra o coronavírus mais de 13,6 mil milhões de pessoas em todo o mundo.